Conheça o Homem Que Apertou o Botão da Comunicação
Sua Obra e Suas Lutas
Tributo ao Padre Landell
Certamente que todos nós
temos uma grande admiração por todos os grandes homens que já passaram pela
humanidade e que deixaram sua influência positiva para a espécie humana. Tivemos
filósofos, religiosos, poetas, escultores, grandes cientistas em todas as
manifestações do saber humano.
Muitos viveram poucos anos,
passaram pelo planeta Terra tal qual um corpo celeste que corta o firmamento
muito rapidamente e que neste gradiente de tempo tão curto, deixam a marca
fecunda de seus gênios criativos, cuja criação serve como base para um novo
patamar, a partir do qual os que lhes sucedem dão seguimento à construção do
saber humano em eterna busca que nunca finda, cada um a seu turno, entregando o
bastão ao próximo que lhe segue na roda da existência.
Com isso, a cada momento da
linha de tempo da humanidade temos uma arquitetura de construção do conhecimento
humano em um dado estágio e podemos então ao estudar a vida dessas pessoas, ver
como foram enormes os esforços que fizeram para acrescentar um "tijolinho" à
essa magnifica construção que é o saber, que se acresce ao patrimônio da
humanidade à medida que avança o tempo.
Mas... nem sempre aqueles
que dedicaram suas vidas à pesquisa e que acabaram por fazer grandes
descobertas, receberam os justos créditos de seus esforços. Uma dessas pessoas
que por aqui estiveram e que pouco se ouve falar à respeito e que ainda hoje não
é devidamente lembrado é um patrício nosso chamado Roberto Landell de Moura, o padre Landell como gostava de ser chamado.
Você sabe quem foi esse patrício nosso? Não?... Pois é. Nos aprendemos nos
primeiros anos de escola que o inventor do aparelho transmissor de rádio foi o
italiano Guglielmo Marconi.
Mas o homem que que
conseguiu a primeira transmissão da voz
humana, sem auxilio de fios, ou seja pela irradiação de uma onda
eletromagnética modulada por um sinal de audio, foi o Padre ROBERTO LANDELL DE MOURA, em 03 de junho de 1900, sendo
que a distância entre o aparelho emissor e detetor foi de aproximadamente de 8
quilômetros. Landell de Moura fez isso não só utilizando o transmissor de audio
via luz, como também através de um aparelho que chamou de Transmissor de
ondas.Comprovadamente, registrado pela imprensa da época, este fato se deu em 03
de junho de 1900, embora pelas pesquisas de Ernani Fornari, infelizmente sem
documentos comprobatórios, estes experimentos teriam acontecido nos anos de
1893/4. O mais antigo documento registrado pela imprensa que pude pesquisar eu o
encontrei no jornal " O Estado de São Paulo" de 16 de Julho de 1899, falando dos
inventos de Landell.
Landell transmitiu voz,
transmissão e recepção de sinais telegráficos, Marconi só operou com transmissão
e recepção de sinais telegráficos.
Essa foi a primeira
demonstração do funcionamento dos aparelhos com presença de autoridades e
imprensa. Em 1893 padre Landell já os tinha desenvolvido, mas infelizmente
fanáticos religiosos destruiram seus equipamentos e anotações científicas porque
o acusavam de ter parte com o demônio, (segundo as pesquisas de Ernani Fornari).
Isso teria possibilitado mais tarde quando requereu as patentes ao U.S.Patent
Office, em Washington, a prova de sua anterioridade a qualquer outro
equipamento apresentado até então.
O
aparelho era multifunções e contemplava as funções de telegrafia e também a transmissão do
som via Onda Portadora de Luz e via Transmissor de Ondas. Por isso Landell é
considerado Precursor das fibras óticas, hoje tão utilizadas para transportar
sinais de televisão, comunicação de dados. (Telefone sem fio - Wireless
Telephone).
Os pontos entre os quais
ocorreu a transmissão e detecção dos sinais, estavam localizados entre o Bairro
de Santana e os altos da Av. Paulista, na cidade de São Paulo,
Brasil.
Nesta época o que se tinha em termos de
comunicação por meios elétricos era o telégrafo por
fios, invenção consignada a Samuel Morse
(1837), o telefone com fio, de Graham Bell
(1876) e a radiotelegrafia de Guglielmo Marconi (1895).
O grande desafio era
justamente transmitir um sinal de audio sem utilizar fios, feito conseguido pelo
padre cientista LANDELL DE MOURA.
Pesquisava-se, mas ninguém ainda conseguira obter êxito. O mérito do Padre
Landell é ainda maior se considerarmos que desenvolveu tudo sózinho. O Padre
Landell era dessas pessoas que além do seu lado místico, religioso, integrava em
sua personalidade o gênio teórico, o lado prático para construção de seus
aparelhos.
Muitos cientistas são
grandes teóricos, O Padre Landell integrava a qualidade teórica e prática. Ele
era o Cientista, o Engenheiro e o Operário ao mesmo tempo. Um ano depois de sua
experiência inédita em nivel mundial, em demonstração pública em São Paulo,
padre Landell obteve uma patente brasileira para um "aparelho destinado à transmissão
phonética à distância, com fio ou sem fio, através do espaço, da terra e do
elemento aquoso". Era o dia 09 de Março de 1901.
Consciente de que suas
invenções tinham real valor, padre Landell partiu para os Estados Unidos da
América, quatro meses depois, com o intuito de patentear os seus aparelhos.Com
parcos recursos Padre Landell teve que contar com a ajuda de amigos, como Daniel
Tamagno, para levar adiante seu projeto. Apesar de todas as dificuldades que
encontrou, Padre Landell conseguiu três cartas patentes: "Transmissor de
Ondas" precursor do rádio. Em 11 de Outubro de 1904, " Telefone Sem
Fio" e "Telégrafo Sem Fios" em 22 de Novembro de 1904.
Ainda naquele ano, ele
esboçou outro engenho ligado à vida moderna. Em 20 de Agosto de 1904 um dos
documentos que ele batizou de "The Telephotorama ou Visão
à distância". Tratava-se da Televisão, que só em 1926, teria sua
primeira demonstração pública. Infere-se de alguns de seus manuscritos que
alguns dos problemas da videocomunicação já tinham sido resolvidos por êle. Isto
permite concluir que o Padre Landell estava pelo menos caminhando para um
processo de Transmissão e Recepção de imagens.
Ele pode ser considerado, portanto um precursor dessa invenção, ainda que a
escassez de documentos não permita saber até que ponto ele chegou nesse
projeto.
Alguns documentos que foram
deixados por ele, foram analisados por técnicos da Telebras, que chegaram à
conclusão de que alguns de seus esquemáticos configuram uma tentativa de
construir um registrador telegráfico. Isto indica que na pior das hipóteses,
Padre Landell pelo menos idealizou controle remoto pelo rádio ou teletipo,
invenções que na história oficial ficaram conhecidas respectivamente durante a
primeira guerra mundial e em 1928.
Com respaldo das patentes
norte-americanas em sua bagagem, Padre Landell imaginou que certamente seu
destino mudaria. De volta ao Brasil, uma das primeiras coisas que fez foi
escrever ao Presidente da República, Rodrigues Alves, a quem solicitou dois
navios para demonstrar suas invenções. Um assessor do governo o procurou e Padre
Landell informou que desejava entre os navios a maior distância possível, e isto
naquele momento, porque no futuro, quando aperfeiçoasse os seus aparelhos,
serviriam até para COMUNICAÇÕES
INTERPLANETÁRIAS.
Mais uma vez o pensamento
avançado de Landell não foi compreendido e foi julgado como louco, embora hoje
se saiba que sua afirmação não estava absolutamente destituída de fundamento.Em
fim, vemos que esse notável homem de ciência foi um dos que não tiveram
consignados com a devida consideração a magnitude de seus inventos, sendo que
nem seu nome e o nome de seu país de origem aparecem com os legítimos créditos
correspondentes aos seus feitos, e certamente lamentamos isso porque sabemos que
em outros países seria motivo de grande honra e teriam sempre repetidas
homenagens e por conseqüência seriam sempre lembrados.
Um país que não pensa em
ciência e tecnologia fica para trás. Um pais que não festeja seus grandes nomes
da ciência, obviamente não estimula a sua juventude nessa direção. O nosso país
é uma mescla de raças. Daqui pode sair o melhor. É uma questão de visão e
vontade política.
Estas modestas e singelas
linhas aqui tem a finalidade de prestar um tributo ao nosso Padre Landell com
motivo de justo orgulho! Colhidas aqui e acolá, registramos alguns dados obtidos
de uma reportagem publicada em 16/07/88 de um jornal de Porto Alegre e FEPLAM –
Fundação Educacional Padre Landell de Moura - .
BREVES DADOS BIOGRÁFICOS DE
ROBERTO LANDELL DE MOURA
O Padre Roberto Landell de
Moura nasceu na cidade de Porto Alegre, R.G.do Sul, em 21 de Janeiro de 1861.
Foi ordenado padre em Roma em 1886, onde também cursou Física e Química e
desenvolveu as primeiras idéias de sua teoria sobre "Unidade
das forças físicas e a harmonia do Universo", que nortearia as suas
invenções futuras. Interessou-se por "Ciências Fisicas,
Químicas e Medicina", além de ter um profundo Sentimento
Teológico.
Foi seu caráter eclético que
o levou a pesquisar e a descobrir que todos os corpos animados ou inanimados são
circundados por halos de energia luminosa, invisíveis a olho nu. Há documentos
alusivos a essa descoberta datados de 1907. Ele chegou inclusive a fotografar o
efeito que na história oficial, seria batisado de "Efeito Kirlian" em 1939, por causa dos
trabalhos do casal soviético Semyon e Valentina Kirlian. Os interesses
intelectuais de Landell eram múltiplos. Foi um pensador com preocupações com a
vida e a morte. Enveredou por estudos que hoje seriam catalogados como temas
abordados pela Parapsicologia, e que certamente hoje não teriam a censura da
igreja.
Recentemente técnicos da
CIENTEC reconstruíram um dos aparelhos patenteados por Landell de Moura nos
Estados Unidos - no U.S.Patent Office – o "Transmissor de Ondas" que hoje está
exposto na FEPLAM - Fundação Educacional Padre Landell de Moura – em Porto
Alegre. Constatou-se que o transmissor atinge uma larga faixa de espectro de
rádio-freqüências e é captado, inclusive na faixa de F.M.(freqüência modulada).
Dentro de suas limitações, o aparelho funciona, o que é uma prova incontestável
do talento do Padre Landell.
O sacerdote cientista,
brasileiro, gaúcho, nascido em Porto Alegre em 28 de Janeiro de 1861, faleceu
nesta mesma cidade em 30 de Junho de 1928. Foi um ser inspiradíssimo que viveu
adiante de seu tempo. Nestas páginas lhe rendemos nosso tributo. - Luiz Netto
-